terça-feira, abril 11, 2006

Família

Como é do conhecimento de todos, a Diocese de Braga dedica este triénio à família.
Para um cristão consciente não deveria haver maior alegria do que sentir-se Igreja.
Sentir a família como Igreja e fazer com que a Igreja esteja na família.

As profundas e repentinas transformações, que marcam o mundo contemporâneo, colocam à família uma série de desafios. A família tem vindo a perder algumas funções no plano afectivo, económico e social. Mas perder algumas funções não significa necessariamente perder importância. Na verdade, a sociedade de hoje e de amanhã depende da família.
Muitos relegam o cristianismo para o âmbito duma relação individualista e privada com Deus. Acontece que ele é essencialmente uma maneira nova de conviver com o próximo. O amor de Deus só é verdadeiro quando se visibiliza na relação com as pessoas – “Nisto conhecerão que sois meus discípulos: Se vos amardes uns aos outros” (Jo 13, 35).

A modernidade oferece-nos uma sociedade dominada pelo egoísmo e pelo aproveitamento da vida sem considerar a atenção ao mundo e àqueles que nos rodeiam. Criamos ilhas e construímos a felicidade dentro destes espaços reduzidos e demarcados pelo ambiente familiar ou de amigos. Como Igreja deveremos ser capazes de propor uma alternativa onde a felicidade nasce do serviço. Precisamos de testemunhar espírito de serviço, de dedicação e de empenho pelos outros, para tornar o anúncio evangélico e as celebrações credíveis e realizadoras do Reino de Deus. Esta é a grande meta: levar as famílias a assumirem o lugar, a missão e a vitalidade que lhes competem na Igreja e na sociedade.
A família vive e educa para o serviço que é sinónimo de vontade e alegria em oferecer as qualidades e os talentos de cada um dos seus membros. Parte-se do interior do lar, chega-se à vida interna de corresponsabilidade eclesial e mergulha-se na disponibilidade para se oferecer em iniciativas capazes de gerar um mundo melhor.

Existem ainda muitos “rios” que separam e dividem. Só uma capacidade de construir “pontes” tornará o arciprestado uma comunidade. Também aqui as iniciativas podem partir da criatividade de todos.
Estamos habituados a falar da família, apontando limites, problemas, dificuldades, Pelo contrário, ela representa uma estupenda notícia para a humanidade. Fala de amor, de vida de solidariedade. Sugere que o mundo não é uma coisa má, mas bela, porque nele se ouvem palavras de ternura, se realizam gestos de fraternidade, sonha-se a comunhão, luta-se pela vida. Fica o compromisso, para nós, de ajudar a família a ser «boa notícia» para a humanidade do terceiro milénio.