sexta-feira, dezembro 01, 2006

BASES PARA A PASTORAL JUVENIL

Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa
Formação de Agentes de Pastoral Juvenil
BASES PARA A PASTORAL JUVENIL

I - PRINCÍPIOS DE ORDEM
GERAL
1. A Igreja tem sempre, no horizonte diário da sua missão evangelizadora, todas as pessoas, sem excepção.2 Os jovens, porém, pela sua maior sensibilidade às mutações sociais, culturais e mesmo eclesiais e pelo papel que assumem na sociedade actual, merecem uma especial atenção, pelo que se pode dizer que, hoje, na pastoral global da Igreja, a pastoral juvenil é fundamental.
2. A atenção pastoral aos jovens implica, por parte da Igreja e dos agentes pastorais, um conhecimento actualizado e concreto da sua situação e da problemática que mais os atinge no dia a dia.3 Implica, da nossa parte, um discernimento sereno sobre as mesmas, ajudando os jovens a concretizar os seus projectos e a solucionar os seus problemas. O dinamismo dos jovens deve ser considerado por todos, pois é fundamental no seu comportamento e nas suas atitudes.3
4. Num mundo pluralista, multiplicam-se tanto as opções como os constrangimentos.4 Porém, tiveram e têm aspectos negativos que atingem especialmente as gerações mais novas, como o individualismo crescente e a subjectivação da verdade e da liberdade; a sede permanente de emoções e de novas sensações e outras experiências. Os jovens como vivem em constante tensão, vivem, ao mesmo tempo, na procura insistente das mais diversificadas formas de quietação interior.4 Não faltam, também, neste contexto social e humano, os que parecem ter perdido o sentido da vida e já desistiram de prosseguir ou se encontram à beira da desistência. É importante que haja um clima de acolhimento compreensivo e gerador de esperança que aparece como fundamental no relacionamento pastoral com os jovens.4
Os jovens têm necessidade de quem os ajude a programar o futuro e de organizar a família por falta, em muitos casos, de emprego estável, com consequente atitude de adiamento. 5 Como podemos nós agentes de pastoral juvenil, ajudar os jovens a programar o seu futuro numa sociedade tão materialista?5 ( Aqui pode mostrar-se o diaporama “ A felicidade” para ajudar os jovens a reflectir sobre o seu futuro.) há ainda outros problemas, no âmbito interno da Igreja, a que os jovens são particularmente sensíveis e que importa ter em conta na sua evangelização. Desta forma, precisamos de ter muito cuidado com: 6 : a linguagem. Pergunto: qual é o tipo de linguagem que usamos com os jovens quando nos reunimos em grupo e com aqueles que contactam connosco? Temos o cuidado de nos preparar através da leitura da sagrada Escritura, ou dos Documentos da Igreja, da oração frequente e do contacto com Deus? 6 E pergunto: que qualidade imprimimos às nossa celebrações liturgicas? Como participamos nelas? Como meros espectadores encostados a um canto, na conversa com os amigos, mastigando a pastilha elástica? 7 que sentido e valor tem para nós a celebração da Eucaristia? Vamos apenas por ir ou porque sentimos necessidade do encontro com Cristo? Será que a oferta de Jesus ao Pai por cada um de nós, não nos diz nada? E que dizer das nossas comunhões mal feitas ou por rotina? Não esqueçamos que o banquete Sagrado é fonte de Vida Eterna para quantos desejam pautar a sua vida pelos valores do Evangelhos.7
Como apresentamos aos jovens as riquezas do Evangelho? Como nos preparamos para os sacramentos? Neste contexto, tem muito valor o trabalho desenvolvido pelos catequistas, animadores de grupos cristãos, dos Párocos e dos Religiosos.8
Muitos jovens, porém, sabem que, apesar das vicissitudes, a Igreja permanece sólida e atraente, na medida da sua fidelidade a Jesus cristo, e que o caminho para a Verdade e para a Vida, embora estreito e difícil, é pleno de esperança. 8
Podemos perguntar: O que é afinal a Pastoral Juvenil? Quais são os seus objectivos? A pastoral juvenil é, portanto, a acção da Igreja com os jovens, na tarefa da evangelização e na educação cristã, em ordem à opção por Jesus Cristo, pelos valores do Reino por Ele anunciados. 9 Os jovens devem crescer na maturidade humana e cristã da Fé e do compromisso eclesial, apostólico e social. Este laboratório de fé, na expressão de João Paulo II, quando desenvolvido nas suas máximas possibilidades, é uma escola de vida.9 Este laboratório de Fé, Ajudará os jovens a descobrirem respostas para as suas interrogações, respostas para as suas dúvidas de fé, respostas para as suas interrogações mais profundas. 10 Este laboratório de fé, ajudará os jovens a assumirem-se como protagonistas da sua própria história e da Nova Evangelização, exercendo assim, o apostolado, de modo particular, entre os outros jovens. 10 Será que o meu grupo é um laboratório de Fé? 10
ORIENTAÇÕES PASTORAIS 11
Como descobrir caminhos novos de evangelização?11 O esforço permanente da Igreja para descobrir caminhos de evangelização e pastoral dos jovens há-de continuar a ser fiel às características já antes por nós enunciadas: uma pastoral catequética, missionária, encarnada e eclesial, realizada em ambiente de corresponsabilidade (cf. Mensagem dos Bispos aos Jovens, Nov. de 2000).11
O itinerário de fé centra-se em Jesus Cristo o primeiro animador, O anunciador do Evangelho, Aquele que veio para comunicar a Boa Nova aos pobres, Aquele que educa para o discipulado. 11 Nele se deve apontar, também, para a dimensão orante e para a dimensão apostólica, inseparáveis da vida cristã, e, ao mesmo tempo, proporcionar a iluminação evangélica das diversas situações e problemas que os jovens vivem ou enfrentam.
Nesta caminhada inclui-se a importância do testemunho de acolhimento e apreço pelos jovens. Pelo testemunho de vida anunciamos Jesus Cristo e participamos na vida da comunidade cristã, testemunha de fé no mundo em que vivemos. 12 Neste testemunho de Fé, aponta-se a dimensão da oração e a dimensão apostólica. Os jovens são capazes de proporcionar a outros jovens um ideal de vida cristã, seguindo pelos caminhos de oração e de busca do Absoluto de Deus.12
COMPROMISSO CRISTÃO 13
Os jovens devem encontrar nas suas comunidades ou nas estruturas da pastoral juvenil, propostas organizadas e acessíveis de itinerários de fé.13 Os jovens devem seguir com frequência a catequese, devem ser motivados e apoiados nas suas atitudes e comportamentos de inspiração Evangélica. 13 Estas são propostas para o princípio de uma boa iniciação cristã aos que antes não a fizeram na infância, ou na adolescência.13 Eu, jovem como me sinto face a esta questão tão importante do meu crescimento cristão?
Os jovens que vivem fora da influência cristã, devem ser ajudados no contacto com a Igreja. Devem ser ajudados a descobrir o rosto de Deus Pai, de Cristo Irmão, experimentando a acção misteriosa do Espírito Santo na vida e a fazer a experiência de vida em Igreja. 14
A descoberta da Igreja, na sua dimensão de mistério e na sua missão, é um imperativo da pastoral juvenil.15 Os preconceitos e dificuldades de compreensão e de aceitação da realidade eclesial, atingem muitos jovens que se vão marginalizando ou que a própria Igreja, de modo não consciente, nem deliberado, vai deixando fora da sua preocupação e acção.15
Como animadores de grupos cristãos, o que vamos fazer para que isto não aconteça? 15 Como lembrar à Igreja que não pode excluir ninguém da sua preocupação? Cristo não veio por acaso para os doentes e pecadores? Lembremos Zaqueu, a Mulher adúltera, a Samaritana, e tantos outros. Cristo veio como o Bom Pastor, como o alívio para os que andam cansados e fatigados etc.. Nos aspectos da vida diária merecem atenção, entre outros, o sentido do dever, o uso dos bens, a ocupação dos tempos livres, o cuidado da formação permanente, a atenção aos mais pobres e desfavorecidos, a educação para a cidadania e participação cívica.
Há que encontrar meios de aproximação e propostas de experiência eclesial, por meio do testemunho, da informação, de gestos concretos perante situações concretas que os jovens apreciam. ( Pegar no NT e analisar o testemunho de Jesus e os seus gestos) 16 Os jovens de hoje, são inseguros, à falta de referências com sentido de apelo. Nestas circunstâncias a Igreja tem de ser Mãe e Serva, para depois poder ser mestra e companheira. 16
A acção da Igreja com os jovens tenderá para fazer a cobertura e a animação pastoral da pluralidade de espaços e ambientes nos quais se processa a sua vida: Família, escola, lugares de trabalho, de ocupação de tempos livres, de lazer, de desporto e de voluntariado social. 17 A importância da família como espaço de vida e educação para os valores, e da escola pelo seu relevante papel, no presente e no futuro dos jovens, são fundamentais para o crescimento moral e intelectual dos joevsn de hoje. 17
PROPOSTAS DE FORMAÇÃO 18
As paróquias devem proporcionar propostas de formação a saber: Estudo e reflexão da Palavra de Deus como fonte inspiradora, ter em conta a realidade social com os seus apelos permanentes, ajudá-los a cultivar o gosto pela verdade, a ter em conta o primado do amor e a dignidade pessoal. Educar os jovens para a importância do papel da Consciência, da autodisciplina, do discernimento moral, do respeito pelo outro, do sentido vocacional da vida, da colaboração gratuita e da abertura ao ecumenismo e ao dever ecológico. 18
Na formação para a vida relacional, consideram-se pontos importantes como: a relação com a família, a vida associativa, a preparação profissional, a aceitação positiva das diferenças, o diálogo de gerações, a generosidade para efectuar gestos de partilha de bens e de serviços, a formação permanente, a ocupação dos tempos livres, a educação para a cidadania e participação cívica. 19
Aos responsáveis pela animação de grupos e pela pastoral juvenil é pedido que sejam em primeiro lugar testemunhas de fé, tenham sentido comunitário, capacidade de diálogo e possuam as competências necessárias para o desempenho da sua missão. 20 Nunca se deve ter receio de apresentar aos jovens horizontes e caminhos de exigência, como meta para alcançar a santidade pessoal, o testemunho cristão, a capacidade de entrega definitiva e a tempo inteiro ao serviço do Evangelho, a capacidade e a coragem de denúncia e da apresentação em lugar próprio de novas propostas de vida e de acção de sentido Evangélico. 20
Não podemos esquecer que os jovens não estão todos ao mesmo nível da vivência cristã e no mesmo grau de pertença eclesial. Por isso, as propostas pastorais têm de ser diferentes, tendo em conta iniciativas adequadas aos mesmos. 21 As paróquias devem proporcionar aos jovens as fontes da vida espiritual, lugares de acolhimento e de encontro e espaços concretos de participação, que expressem igual preocupação por parte dos membros das comunidades. 21 O grupo é, por isso mesmo, um elemento pedagógico a suscitar e a apoiar os jovens, pela sua importância no desenvolvimento humano e espiritual, como espaço de reflexão, de aprendizagem e de experiência de vida. 21
Sou ou não agente de pastoral juvenil? Qual é o meu papel como animador de grupo? Como participo na vida do meu grupo? 22
A pastoral juvenil é inseparável da pastoral vocacional, dado que são os jovens que se encontram perante os desafios do compromisso, que resulta de uma livre e esclarecida opção de vida, em ordem ao futuro. 23 A educação da fé deve portanto, abrir os jovens para a descoberta do compromisso Baptismal, Matrimonial, Ministério Ordenado, Consagração Religiosa ou Laical, para um empenhamento apostólico na Igreja e na Sociedade. 23
A preparação para a Confirmação, quando esta é celebrada na adolescência ou na juventude, é o momento profundo para que os jovens sintam a necessidade do compromisso. Dela resultam a verdadeira compreensão dos diversos ministérios indispensáveis à vida e à missão de toda a comunidade cristã. 24
Os movimentos apostólicos juvenis são muito importantes na actualidade, pela coesão que geram, pela formação que proporcionam e muitas vezes, também, pela acção apostólica que desenvolvem. 25 Os grupos não se devem dispensar de proporcionar aos seus membros os itinerários da Fé e da formação que a Igreja recomenda e proporciona a todos os jovens, tendo em conta a sua integração nos planos pastorais das paróquias e das dioceses. 25
O PAPEL DA IGREJA 26
Dada a sensibilidade dos jovens, a Igreja deve cuidar e actualizar a sua linguagem , a sua relação com as camadas mais jovens, o modo como celebra e prepara a liturgia e a forma como transmite os ensinamentos do Mestre. 26
A Igreja deve actualizar conhecer e compreender a cultura juvenil de hoje. Deve utilizar uma linguagem clara com expressões que lhe são próprias, capaz de juntamente com o testemunho de vida encantar. A Igreja deve cultivar o diálogo com os jovens.26
Em todos os aspectos, a pastoral juvenil exige uma cuidadosa formação dos seus lideres . A pastoral juvenil tem como missão acompanhar os jovens, ajudando-os a descobrir, a seguir e a comprometer-se com Jesus Cristo, com a Sua mensagem, construindo a civilização do amor. 27
Concluo dizendo que os jovens são os protagonistas da história. O futuro depende deles. 27
TRABALHO DE GRUPO
Como me sinto depois de saber a importância que tem nos dias de hoje a Pastoral Juvenil?
Sinto em mim o desejo de Evangelizar outros jovens?
O que me diz a expressão de S. Paulo “ Ai de mim se não Evangelizar”

III - ESTRUTURAS PASTORAIS
24. No âmbito dos Serviços da CEP, o Departamento Nacional da Pastoral Juvenil tem por missão fomentar, a nível nacional, o encontro das diversas instituições eclesiais de pastoral da juventude, assegurando entre elas a melhor articulação e coordenação; estudar formas adequadas de evangelizar e educar os jovens na fé; proporcionar itinerários de formação para os jovens e seus educadores; apoiar e colaborar com os serviços diocesanos e com os diferentes movimentos; promover a unidade entre eles, através de iniciativas comuns às dioceses e movimentos apostólicos juvenis; responder, no âmbito da pastoral juvenil, às solicitações de participação e representatividade nacional e internacional.
O Departamento Nacional tem um Director, padre ou leigo, nomeado pela CEP. No caso de o Director ser um leigo, a equipa terá um Assistente Nacional, também nomeado pela CEP.
Para a reflexão alargada dos problemas e projectos da Pastoral Juvenil é constituído um Conselho Nacional, que integrará representantes dos Serviços Diocesanos, Movimentos, Institutos e Associações Juvenis. O Conselho é um fórum privilegiado de debate, estudo, actualização dos anseios dos jovens, dos seus ambientes e das propostas pastorais mais adequadas para promover a comunhão de diversidades, o aprofundamento de conteúdos e acções concretas relativos aos jovens.
25. Sem estruturas pastorais diocesanas adequadas, a pastoral juvenil não pode realizar os objectivos antes enunciados.
Um Serviço Diocesano impulsionará a pastoral juvenil em toda a Diocese e cuidará que se lhe dê uma atenção normal em cada paróquia; será o ponto de encontro das preocupações e da elaboração das propostas pastorais; cuidará da preparação dos animadores e dos responsáveis; preparará e elaborará os subsídios necessários. A Equipa Diocesana deve ser plural nas experiências, na sensibilidade, na capacidade de propostas e de acompanhamento das situações.
26. Dado o crescente número de movimentos juvenis de sentido e carisma diverso, uns de raiz diocesana, outros ligados a institutos religiosos e laicais e muitos deles orientados por instâncias nacionais e internacionais, torna-se necessário ou pelo menos útil, o Conselho Diocesano da Pastoral Juvenil para proporcionar o encontro de todos e a sua integração no plano pastoral da Diocese, tornando-os participantes, em igualdade, nas iniciativas diocesanas comuns.
27. A estrutura paroquial será certamente diversificada, dada a realidade das paróquias. É importante, porém, que a nível paroquial e arciprestal ou vicarial exista uma estrutura simples de estímulo e coordenação, que esteja também em ligação com o Serviço Diocesano.